Foto: Nathalia Schneider (Arquivo Diário)
Quase metade dos gaúchos que deixaram o Rio Grande do Sul nos últimos anos escolheram Santa Catarina como novo destino. É o que mostra o estudo Cadernos RS no Censo 2022: Migração e Fecundidade, divulgado pelo Departamento de Economia e Estatística (DEE), órgão vinculado à Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG), com base nos dados do Censo Demográfico 2022 do IBGE.
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Entre 2017 e 2022, 212,5 mil pessoas saíram do Rio Grande do Sul, enquanto 134,7 mil se mudaram para o Estado, resultando em um saldo migratório negativo de 77,8 mil habitantes.
A taxa líquida de migração, de -0,72%, revela uma leve perda populacional, associada mais à baixa entrada de novos moradores do que à saída expressiva de gaúchos. Os dados indicam que, em comparação a outros Estados brasileiros, poucas pessoas deixam (imigram) e poucas pessoas chegam (emigram) ao Rio Grande do Sul: o Estado tem a 4ª menor taxa de imigração e a 5ª menor taxa de emigração do país.
Entre saídas e chegadas
O estudo aponta que Santa Catarina é o principal destino dos emigrantes gaúchos, concentrando 63,5% das saídas no período. O número corresponde a 134,9 mil pessoas, aproximadamente a população de Santa Cruz do Sul.
Após Santa Catarina, São Paulo (8,5%) e Paraná (7,9%) aparecem como os outros dois destinos preferidos para os que deixam o Estado.
O movimento também ocorre no sentido inverso: Santa Catarina é origem de 27,6% dos imigrantes que se mudaram para o RS, o que representa 37,2 mil pessoas nos cinco anos analisados. Ainda assim, o saldo migratório entre os dois estados é amplamente desfavorável ao Rio Grande do Sul — 97,6 mil pessoas a mais migraram para SC do que o contrário.
Uma Porto Alegre fora do Estado
Em termos nacionais, o levantamento mostra que o Rio Grande do Sul tem 1,2 milhão de naturais residindo fora do Estado, número pouco menor do que a população da capital gaúcha. Em contraposição, 500 mil pessoas nascidas em outras unidades da federação vivem em cidades gaúchas.
Os dados, elaborados pelos pesquisadores Marilene Bandeira e Pedro Zuanazzi, também indicam que o Paraná é o único estado com saldo positivo de migração em relação ao RS, com 4,5 mil pessoas a mais vindo morar em solo gaúcho.
O padrão identificado revela uma tendência de deslocamento regional, especialmente dentro do Sul do Brasil, e aponta desafios para retenção populacional no Rio Grande do Sul. O estudo associa o movimento migratório a fatores socioeconômicos e oportunidades de emprego, que vêm impulsionando a busca por novas condições de vida em estados vizinhos, principalmente em Santa Catarina.